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Setores de atividade
A IMPORTÂNCIA DO SETOR PRIMÁRIO
As alterações verificadas nas últimas décadas ao nível da estrutura demográfica do território impuseram uma nova realidade ao nível da população ativa residente nas áreas de baixa densidade de matriz rural. A crescente escassez de mão-de-obra, muito motivada pelo acentuado envelhecimento populacional, foi reforçada por uma transferência da população ativa para o setor do comércio e serviços, o que determinou o abandono das atividades económicas ligadas ao setor primário. Este processo de terciarização da população ativa veio reforçar tanto a concentração da população nas áreas urbanas, como subtrair mão-de-obra ao setor agrícola, que apesar de uma crescente modernização, se manteve muito dependente da disponibilidade de recursos humanos, fruto, também, da estrutura das propriedades (predomínio do minifúndio).
Na área em estudo, ainda que o padrão agrícola tenha permanecido como dominante na paisagem, a verdade é que a área agrícola em uso diminuiu, através de um processo de abandono progressivo de áreas marginais, ou foi convertida para usos mais extensivos e menos exigentes em mão-de-obra. Desta forma, também o peso do setor primário na ocupação da população empregada diminui mais de 50%. Se em 1950, no conjunto dos concelhos que integram territórios na área de estudo, cerca de 60% da população empregada encontrava-se a laborar no setor primário, em 2021, essa percentagem era, apenas, de 4,7%. A quebra mais acentuada, e pese embora a inexistência de dados para a década de 1970, ocorreu após a década de 1960, passando dos 54,9% nesse ano, para os 29,3%, em 1981 (Figura 1).
Figura 1. Proporção da população empregada por setor de atividade, entre 1950 e 2021 (Instituto Nacional de Estatística, 1952, 1964,1983-a, 1983-b, 1993, 2002, 2012 e 2022).
A perda de importância do setor primário na ocupação da população empregada, foi acompanhada por um crescimento do peso do setor secundário (até à década de 1990), pela presença das indústrias de lanifícios, e do setor terciário (até à atualidade). Este último apresentou um comportamento inverso ao do setor primário, tendo passado da ocupação de 17,5% dos empregados, em 1950, para 71,5%, em 2021 (Figura 1).
Esse padrão de evolução e distribuição da população empregada por setor de atividade foi, grosso modo, sentido em todos os concelhos que integram a área de estudo. A única exceção registava-se no concelho da Covilhã, onde a dinâmica industrial associada à indústria dos lanifícios garantia uma expressão muito significativa da população empregada associada ao setor secundário (49,3%, em 1950). Por seu turno, nos concelhos mais associados à atividade agrícola, como Sabugal ou Idanha-a-Nova, o setor primário abrangia mais de 77% da população empregada, em 1950. Também os concelhos de Penamacor, Belmonte e Vila Velha de Ródão apresentavam mais de 70% da população empregada no setor primário, nesse ano, assumindo valores abaixo dessa percentagem, apenas, Fundão e Castelo Branco.
Em todos os concelhos se verificou uma perda de representatividade do sector primário, em favor de um reforço muito significativo das atividades terciárias. Na atualidade, todos os concelhos com territórios na área em estudo têm mais de 65% da sua população empregada associada ao setor terciário, com destaque para Castelo Branco (74,6%) e Covilhã (72,2%). Percebe-se, contudo, uma diferença na distribuição da importância do setor primário nos territórios em análise, já presente em 1950, mas afirmada em 2021. São os concelhos de posição mais fronteiriça e, portanto, de maior afastamento as centros urbanos sub-regionais, que detêm um maior peso da população empregada no setor primário, destacando-se Idanha-a-Nova, com cerca de 14,4% dos trabalhadores a laborar nesse setor (Figura 2).