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Área de referência
O Programa Integrado de IC&DT CULTIVAR foi aplicado no setor sudeste da Região Centro de Portugal (Figura 1). A definição da área para o estudo resultou da conjugação de dois fatores: por um lado, as baixas densidades e a matriz rural do território e, por outro, a incidência de um padrão de uso do solo predominantemente agrícola. A delimitação foi feita em função dos limites administrativos considerando, sempre, as áreas com presença de recursos endógenos vegetais. Teve-se, ainda, em atenção a garantia de alguma variação edafoclimática.
Figura 1. Localização da área em estudo e freguesias abrangidas (Direção-Geral do Território, 2022).
Enquadrada pelas serras da Cordilheira Central a este e pelo rio Tejo a sul, a área de incidência do Programa Integrado de IC&DT CULTIVAR está dominada por unidades geomorfológicas bem definidas, como seja a plataforma de Castelo Branco, a Cova da Beira e as serras da Gardunha e Malcata. Unidades que apresentam padrões de uso e ocupação do solo distintos sendo, no geral, marcadas pelo uso agroflorestal e uma estrutura de povoamento caraterizada por aglomerados de pequenas dimensões dispersos pelo território, sobressaindo a concentração populacional no eixo urbano Covilhã-Fundão-Castelo Branco (Figura 2).
Figura 2. Enquadramento síntese da área de referência do Programa Integrado de IC&DT CULTIVAR: estrutura do povoamento e ocupação do solo (Agência Portuguesa do Ambiente, s.d.; Direção-Geral do Território, 2023 e Instituto Nacional de Estatística, 2023).
Assim, abrange territórios das NUT III Beiras e Serra da Estrela (setor sul do concelho de Sabugal, concelho de Belmonte, setor este do concelho da Covilhã e quase a totalidade do concelho do Fundão) e da Beira Baixa (concelhos de Idanha-a-Nova, Penamacor e parte dos concelhos de Castelo Branco e Vila Velha de Ródão).
No contexto da Região Centro, esta área distingue-se pelo domínio de uso agrícola na paisagem, sendo apenas exceção a este padrão as duas serras aí presentes – Serra da Malcata e Serra da Gardunha. Neste contexto de uso agrícola, a disponibilidade de recursos hídricos revelou-se, no passado, um fator chave que determinou a opção pela extensividade, um modelo de uso mais tradicional e mais adaptado ao padrão climático registado nestes territórios. No entanto, e associado à implantação de infraestruturas de regadio, verificou-se alguma intensificação das práticas agrícolas suportadas no regadio, uma dinâmica que tem ganho expressão espacial nas duas últimas décadas nesta região.
Tendo em conta o potencial agrícola da região e considerando as dinâmicas recentes, tanto no uso do solo como em termos sociodemográficos, torna-se pertinente compreender de que forma estas tendências podem ser potenciadas ou revertidas tendo por base os diferentes recursos endógenos aí presentes e os riscos ou ameaças já existentes ou potenciais.
No sentido de garantir respostas adequadas no âmbito das linhas de pesquisa do Programa Integrado de IC&DT CULTIVAR, são consideradas diferentes escalas de trabalho:
- campos de ensaio à escala das explorações agrícolas, onde a monitorização de variáveis permite obter resultados de grande detalhe, importantes para compreender a relação entre diferentes sistemas de gestão e respetivos reflexos ao nível dos serviços dos ecossistemas;
- áreas de estudo piloto (Figura 3), definidas em função da presença de recursos endógenos específicos como a castanha (Sabugal e Fundão), o pêssego (Covilhã), a cereja, o feijão da Lardosa (Fundão) e novas dinâmicas de uso do solo, como os pomares intensivos de regadio (Idanha-a-Velha);
- toda a área do projeto, através de uma análise extensiva, no sentido de compreender o enquadramento desta área no contexto nacional ou mesmo internacional.
Figura 3. Localização das áreas de estudo piloto (Direção-Geral do Território, 2022).
A informação produzida a estas escalas, e em diferentes domínios, será importante para orientar a definição de medidas que visam reforçar a resiliência deste território, considerando modelos de exploração dos seus recursos orientados pela desejada promoção da sustentabilidade económica e ambiental.
BIBLIOGRAFIA
Atlas Digital do Ambiente (s.d.). Agência Portguesa do Ambiente, 2022.
Direção-Geral do Território (2022). Carta Administrativa Oficial de Portugal 2022.
Direção-Geral do Território (2023). Carta de Uso e Ocupação do Solo - 2018. https://dados.gov.pt/pt/datasets/carta-de-uso-e-ocupacao-do-solo-2018/.
Instituto Nacional de Estatística (2023) População residente (N.º) por Local de residência (à data dos Censos 2021), Sexo, Grupo etário e Escalão de dimensão populacional (do lugar). https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0011791&contexto=bd&selTab=tab2.