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Evolução do uso e ocupação do solo
A dinâmica económica de um território tem reflexos evidentes na paisagem, uma vez que as atividades económicas estão associadas a determinados usos do solo. A área em estudo está associada ao domínio do uso agrícola, ainda que o mesmo tenha registado uma diminuição de importância nos últimos 50 anos.
A comparação entre o padrão de uso e ocupação do solo dos anos 60, registado na Carta Agrícola e Florestal (CAF), e a segunda década do século XXI, a partir da Carta de Ocupação do Solo (COS) de 2018, permite constatar uma perda de aproximadamente 40% da área dedicada à atividade agrícola, diminuindo em cerca de 24% o seu peso no total de área ocupada (de 60%, na década de 1960, para 36%, em 2018). Por seu turno, registou-se um aumento das áreas dedicadas ao uso florestal (+82%) e das áreas ocupadas com matos (+7%), que passaram a representar, em 2018, 49% (+22%, que em 1960) e 13% (+1% que em 1960) da área em estudo, respetivamente. Tanto os territórios artificializados como os corpos de água mantiveram, praticamente, a proporção de área ocupada no território (+1% e +0,4%, respetivamente) (Figura 1). No entanto, em termos relativos, foram dos usos do solo que mais aumentaram a área ocupada no período em análise (+181% e + 77%, respetivamente), fruto da urbanização no eixo Castelo-Branco – Fundão – Covilhã – Belmonte e da criação de albufeiras – à de Idanha-a-Nova, juntaram-se a Albufeira de Santa Águeda (Castelo Branco), as albufeiras da Barragem do Sabugal (Sabugal) e da Barragem de Meimoa (Penamacor).
Figura 1. Evolução da ocupação do solo na área em estudo, de 1960 a 2018 (Carta Agrícola e Florestal e Direção-Geral do Território, 2023-a, 2023-b, 2023-c, 2023-d, 2023-e).
Espacialmente, em 1960, a mancha agrícola predominava, ocorrendo, de forma geral, a sua interrupção por usos florestais nas áreas mais acidentadas e de maior altitude. Já em 2018, verificou-se um alastramento da área ocupada pelas manchas florestais identificadas em 1960, diminuindo as áreas de matos e restringindo as áreas agrícolas a pequenas bolsas em territórios muito específicos da Cova da Beira e da Superfície de Castelo Branco (Figura 2).
Figura 2. Distribuição do uso do solo pela área em estudo, 1960 e 2018 (Carta Agrícola e Florestal e Direção-Geral do Território, 2023-e).
VARIAÇÃO DA ÁREA AGRÍCOLA
A agricultura ocupava uma área de cerca de 60% do território em estudo durante os anos1960. Já na segunda década do séc. XXI, segundo os dados de ocupação do solo das COS de 2015 e 2018, a área destinada à atividade agrícola passou a corresponder a cerca de 36% do território. No total assistiu-se a uma perda de, aproximadamente, 119808 hectares, ou seja, 40% da área ocupada em 1960. Assim, em 2018, a área agrícola era de 177443 hectares, tendo maior expressão nos concelhos de Idanha-a-Nova (32%), Castelo Branco (21%) e Fundão (15%). Repare-se que, apesar de estes se manterem como os concelhos de maior contribuição para a área agrícola, comparativamente a 1960, verificou-se uma ligeira perda de peso do concelho de Castelo Branco (-1%) e um aumento da importância do concelho de Fundão (+2%) (Figura 3).
Figura 3. Distribuição da área agrícola pelos territórios da área em estudo, segundo o concelho, 1960 e 2018 (Carta Agrícola e Florestal e Direção-Geral do Território, 2023-e).
As áreas que perderam uso agrícola entre 1960 e 2018, foram ocupadas, sobretudo por espaços florestais (38% da área que deixou de ter uso agrícola) e por áreas de matos (10% da área que deixou de ter uso agrícola) (Figura 4). Percebe-se uma tendência de abandono dos campos e reconversão em espaços de produção florestal, que se associam às caraterísticas demográficas dos produtores agrícolas e à incapacidade competitiva e desvantagem lucrativa da agricultura. De facto, os territórios que mais contribuíram para a perda de área agrícola coincidem com aqueles cuja presença desse uso detinha maior peso no conjunto da área de incidência do Programa Integrado de IC&DT CULTIVAR: Castelo Branco (24% da área de perda) e Idanha-a-Nova (33% da área de perda) (Figura 5 e Figura 6).
Figura 4. Variação da área agrícola na área em estudo, entre 1960 e 2018 (Carta Agrícola e Florestal e Direção-Geral do Território, 2023-e).
Figura 5. Área agrícola: ganhos, perdas e manutenção entre 1960 e 2018 (Carta Agrícola e Florestal e Direção-Geral do Território, 2023-e).
Figura 6. Conversão de área agrícolas para novos usos e ocupações do solo, entre 1960 e 2018 (Carta Agrícola e Florestal e Direção-Geral do Território, 2023-e).
Apesar do balanço global ser negativo, verificou-se uma manutenção de, aproximadamente, 50% dos territórios ocupados com uso agrícola, de 1960 para 2018, o correspondente a cerca de 149941 hectares da superfície da área de estudo. Para além disso, houve, ainda, o registo de algumas transformações de tipologias de uso do solo para áreas agrícolas. Trata-se de uma área equivalente a 15% da área agrícola existente em 2018, que resultou, no essencial da conversão de áreas florestais (71% do total da área de ganho) e matos (25% do total da área de ganho). Os territórios com maior incidência de espaços de conversão para o uso agrícola concentraram-se nos concelhos de Idanha-a-Nova (28% da área de ganho), Castelo Branco (24% da área de ganho) e Sabugal (17% da área de ganho) (Figura 5).
BIBLIOGRAFIA
Serviço de Reconhecimento e de Ordenamento Agrário. Carta Agrícola e Florestal de Portugal (1965-1969), Lisboa.
Direção Geral do Território (2023-a). Carta de Uso e Ocupação do Solo - 1995. https://dados.gov.pt/pt/datasets/carta-de-uso-e-ocupacao-do-solo-1995/.
Direção Geral do Território (2023-b). Carta de Uso e Ocupação do Solo - 2007. https://dados.gov.pt/pt/datasets/carta-de-uso-e-ocupacao-do-solo-2007/.
Direção Geral do Território (2023-c). Carta de Uso e Ocupação do Solo - 2010. https://dados.gov.pt/pt/datasets/carta-de-uso-e-ocupacao-do-solo-2010/.
Direção Geral do Território (2023-d). Carta de Uso e Ocupação do Solo - 2015. https://dados.gov.pt/pt/datasets/carta-de-uso-e-ocupacao-do-solo-2015/.
Direção Geral do Território (2023-e). Carta de Uso e Ocupação do Solo - 2018. https://dados.gov.pt/pt/datasets/carta-de-uso-e-ocupacao-do-solo-2018/.