As superfícies agrícolas ocupam quase metade do território europeu e contribuem significativamente para o fornecimento de serviços tais como alimentos, fibras e energia. O sector agroalimentar enfrenta uma procura crescente para fornecer bens a uma população humana em crescimento, enquanto lhe é solicitado para minimizar a degradação do solo e a perda de biodiversidade. Os benefícios que estes sistemas proporcionam são de valor considerável. No entanto, a ideia de que a agricultura está associada a elevados níveis de poluição e impactos nos recursos naturais ainda está presente. 

Os serviços dos ecossistemas são diversos (aprovisionamento, suporte, regulação e culturais), mas quando se considera a agricultura, o foco parece estar nos benefícios ligados à produção. No entanto, estes ecossistemas providenciam outros benefícios que devem ser igualmente valorizados quer pela sociedade, quer pelos os próprios agricultores. Os inúmeros desafios que as agroecossistemas nacionais enfrentam, afetam as soluções ou estratégias que venham a ser identificadas como mais adequadas a cada contexto territorial. Os agricultores são responsáveis pela gestão dos agroecossistemas e as suas ações influenciam a sustentabilidade destas paisagens e a sua capacidade na prestação de múltiplos serviços. Nesse sentido, na procura de soluções é imperativo incorporar quem gere e trabalha diretamente estes sistemas.  

Objetivos 

As perceções, conhecimentos, expetativas e motivações dos agricultores sobre o valor dos serviços dos ecossistemas providenciados pelas suas explorações são cruciais para melhor se compreender a multifuncionalidade atual e potencial dos seus sistemas e contribuir para a transição para uma agricultura e sistemas alimentares sustentáveis. 

Este projeto visa alcançar uma perspetiva mais integrada através do estudo das perceções dos produtores sobre a sua atividade e o os serviços e desserviços providenciados pelos ecossistemas agrícolas na região da Beira Interior. Analisar as suas opiniões sobre a importância da diversidade e funcionalidade da fauna do solo em explorações agrícolas é igualmente objetivo deste trabalho. 

A incorporação das perceções dos produtores na procura das melhores soluções para a promoção dos SE agrícolas e a co-produção de conhecimento é um objetivo essencial deste projeto.  

Abordagem  

A abordagem metodológica consiste na conceção e realização de um inquérito por questionário a produtores agrícolas da região do Cultivar. A amostra foi selecionada por forma a se obter representatividade dos vários tipos culturas tendo por base a superfície das culturas temporárias, permanentes, prados e pastagens (fonte: Instituto Nacional de Estatística) por concelho. 

O inquérito foi estruturado em 4 secções principais: A – Conhecimento sobre serviços dos ecossistemas e agricultura sustentável; B – Perceção dos serviços dos ecossistemas e a sua relação com a atividade agrícola (importância e impactes); C – Perceções acerca da diversidade e funcionalidade da fauna do solo em explorações agrícolas e D – Preocupação ambiental e disponibilidade para mudar. Por último, os agricultores foram solicitados a fazerem uma apreciação global das suas explorações agrícolas, relativamente aos serviços dos ecossistemas. 

A comunicação com os agricultores e a disseminação dos resultados com os vários agentes ligados ao setor agrícola e agroalimentar será crucial para a identificação de oportunidades associadas à valorização dos SE em explorações agrícolas, incluindo a procura de financiamento, particularmente relevante perante os desafios da nova PAC (Política Agrícola Comum). 

Equipa 

Paula Castro (CFE-UC) 
Anabela Paula (CFE-UC) 
Catarina Martins (CATAA) 
Filipa Marques (CFE-UC) 
Luís Cunha (CFE-UC) 
Marie Bartz (CFE-UC) 

Apoio 

Andreia Cação (Aluna de mestrado Cultivar)