Os Serviços dos Ecossistemas (SE) são os benefícios que as pessoas obtêm direta ou indiretamente dos ecossistemas. A sua identificação, avaliação e monotorização é um tema complexo e multidisciplinar, que deve incluir o envolvimento dos atores locais, para compreender a relação das comunidades com os ecossistemas e as suas funções.  

A participação efetiva das populações e outras partes interessadas assume uma importância decisiva na elaboração e implementação de qualquer tipo de plano ou ação de conservação, na medida em que o seu efetivo envolvimento pode favorecer ou constranger as ações políticas, sociais, económicas ou ambientais, necessárias para gerir de modo sustentável os agroecossistemas e os recursos genéticos endógenos. As abordagens participativas pretendem, desta forma, criar uma dinâmica proactiva de gestão assente na informação e nos conhecimentos plurais em presença.  

O presente projeto está a ser desenvolvido de forma conjunta com o projeto F4F FOREST for FUTURE – PP6 MyFORESt, focado no mapeamento e avaliação dos serviços dos ecossistemas florestais. 

Objetivos 

O presente projeto visa envolver a comunidade local na identificação e avaliação dos serviços dos ecossistemas agrícolas e florestais da Beira Interior, através de ferramentas participativas, e tendo por base o sistema de classificação “Common International Classification of Ecosystem Services” – CICES (versão 5.1), que inclui 3 categorias principais: 1. Aprovisionamento: bens materiais obtidos a partir dos ecossistemas; 2. Regulação e Suporte: processos base de funcionamento dos ecossistemas, e que contribuem para a saúde, segurança e conforto da sociedade e 3. Culturais: bens imateriais que contribuem para bem-estar físico e mental. 

Abordagem metodológica 

Este projeto segue uma abordagem por fases (“tier approach”), que incluiu, numa fase inicial, o mapeamento dos stakeholders (partes interessadas). A fase seguinte inclui a dinamização de workshops participativos com os atores-chave por forma identificar os SE providenciados pelos agroecossistemas e florestas da área de estudo (“screening”) e mapear os considerados mais relevantes para os territórios e comunidades. As dinâmicas participativas estão a ser implementadas em 3 concelhos, representativos das 3 sub-unidades territoriais da Beira Interior abrangidas pela área de estudo do Cultivar: Beira Alta Interior (concelho do Sabugal), Cova da Beira (concelho do Fundão) e Beira Baixa Interior (concelho de Castelo Branco). 

O screening é feito com base no sistema de classificação da CICES, cujas classes foram sistematizadas, utilizando uma linguagem simples e acessível. Essa informação de base é partilhada e utilizada como base da discussão conjunta relativamente aos principais serviços providenciados pelos agroecossistemas da região. Posteriormente, cada participante preenche um questionário individual, onde seleciona os SE mais relevantes no território, os quais são depois mapeados de forma conjunta e participada. 

Após o workshop participativo, e tendo por base os principais resultados obtidos, é pedido a cada stakeholder que identifique as principais Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças (análise SWOT) dos agroecossistemas da região e SE identificados, através do preenchimento de um questionário on-line.  

A última fase do projeto prevê a realização de workshop participativos/grupos focais que visam fomentar a co-criação de estratégias de valorização dos ecossistemas agrícolas e florestais, tendo em consideração os principais SE providenciados e/ou que se pretende promover.  

Equipa: 

Paula Castro (CFE-UC) 
Anabela Paula (CFE-UC) 
Filipa Marques (CFE-UC) 

Colaboração:

Joana Alves (CFE-UC) 
Catarina Coelho (CFE-UC) 
Luciana Frazão (CFE-UC) 
Miguel Moreira (CFE-UC) 
António Silva (CFE-UC)