Alterações climáticas, desaproveitamento de matérias primas da floresta e incapacidade técnica dos atores florestais foram alguns dos problemas do meio rural e florestal identificados neste webinar organizado pelo CULTIVAR.
José Reis, Economista e Professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, e Armando Carvalho, Engenheiro Florestal e Proprietário Florestal, foram os convidados do webinar “Como promover as dinâmicas agrícolas de índole local?“, organizado pelo projeto CULTIVAR, um programa que visa estabelecer uma rede de competências para responder aos desafios do setor agroalimentar da Região Centro.
Durante a sua apresentação, José Reis relacionou o tema deste webinar com o conceito de proximidade, defendendo que “hoje devemos olhar para a produção de índole local de forma paradigmática e não como uma questão de uma periferia do nosso sistema produtivo ou da nossa sociedade. Uma economia do cuidado é aquela que reconstitui, através das dinâmicas de proximidade, aquilo que em primeiro lugar nos quebra dependências, nos valoriza os recursos que estão próximos, nos dota de poder acerca daquilo em que intervimos e que, verdadeiramente, conta com as pessoas”.
“Devido às recentes alterações nas nossas vidas e dos nossos modos de comportamento, passei a comprar a vários produtores locais, tenho os telefones deles e recebo os seus produtos em casa”, conta José Reis. E acrescenta que “para promovermos dinâmicas locais não podemos ter soluções casuísticas e individualistas, mas sim um conjunto de mecanismos plurais e de muitos atores, nomeadamente o Estado, mercado, comunidade, redes e associações”.
Armando Carvalho, ativista ambiental e um dos produtores atingidos pelos incêndios devastadores em outubro de 2017, apontou três situações que merecem reflexão, começando por referir “um agravamento muito significativo do impacto das alterações climáticas no meio rural e na floresta nos próximos vinte anos e a necessidade de se mudar o que Homem está a causar em todo o planeta”.
A segunda situação prende-se com o facto de “na nossa sociedade haver uma presunção de que todo o material que sai da floresta não tem utilidade, que não cabe no nosso dia a dia e nas nossas casas. Estamos a rejeitar as matérias primas florestais de uma forma quase cultural e temos de inverter este cenário”.
Por fim, uma terceira situação relacionada com “uma manifesta incapacidade técnica crescente de todos os atores do espaço florestal, que parecem não se preocupar com aquilo que está a acontecer”.
O CULTIVAR é um projeto que pretende responder aos desafios que as fileiras do setor Agroalimentar da Região Centro enfrentam, nomeadamente caracterizar, conservar e valorizar os recursos genéticos endógenos regionais em zonas de baixa densidade, através de uma estratégia de desenvolvimento territorial, promovendo e consolidando a colaboração entre instituições de ciência, tecnologia e ensino superior e o cluster Agroalimentar. É cofinanciado pelo Centro 2020, Portugal 2020 e União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
O ciclo de webinars temáticos “Cultivar Diálogos, Construir Caminhos” conta com o apoio do Centre for Functional Ecology – Science for People & the Planet da Universidade de Coimbra.
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