“Os fundos comunitários serão para impulsionar uma agricultura mais amiga do ambiente e mais inteligente”
Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial, participou no último webinar do projeto CULTIVAR.
A importância e o impacto da tecnologia no setor agroalimentar e o papel impulsionador dos financiamentos comunitários nesta área foram os temas abordados no último webinar do projeto CULTIVAR, realizado este mês de setembro. “Cultivar o futuro: Os desafios do sistema alimentar em contexto europeu” contou com a participação de José Carlos Caldeira, Administrador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), e Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial.
Durante a sua apresentação, José Carlos Caldeira apresentou a sua visão sobre a forma como a tecnologia e a agenda digital podem ajudar na transformação da agricultura. “O que temos assistido é uma aposta muito grande naquilo que se designa pela Agricultura e Floresta de Precisão, (R)evolução Digital, Agricultura Biológica, Circuitos Locais e Bioeconomia e Economia Circular”, refere. “Esta (R)evolução Digital fez com que há uns anos atrás o INESC TEC começasse a desenvolver projetos de digitalização na área agrícola e florestal. E grande parte destes projetos consistem em transferência de tecnologia de outros setores para esta área, permitindo mais rapidez de execução, menos risco e um custo mais controlado”.
O Administrador do INESC TEC considera assim que a transferência de tecnologia pode ter um grande impacto no setor agroalimentar, “desde a informatização dos animais, das culturas e das máquinas à disponibilização de ferramentas no apoio à função de gestão das explorações agrícolas”. E exemplificou esta questão com um projeto do INESC TEC com a empresa HERCULANO, de desenvolvimento de um equipamento de fertilização precisa, inteligente e eficaz, que consiste numa cisterna equipada com tecnologia de precisão, permitindo uma aplicação eficaz e diferenciadora do chorume.
“Já temos empresas agrícolas com elevadíssimo grau de robotização e de autonomia, que permitem ilustrar as vantagens desta crescente digitalização do setor agrícola para as empresas e para a sociedade em geral. Temos hoje em Portugal explorações em que as alfaias agrícolas já andam sozinhas, guiadas por GPS, a fazer o seu trabalho, possibilitando aos responsáveis das explorações comandar remotamente essas operações.”
Convidada para abordar a questão dos apoios que se podem esperar nesta transformação do setor agroalimentar, Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial, explicou que “no futuro, os fundos comunitários serão para impulsionar uma agricultura mais amiga do ambiente e mais inteligente, e para desenvolver centros de competência que trabalhem com os produtores e que os ajudem a resolver os problemas com conhecimento, com criatividade e com inovação, sobretudo a questão da auto insuficiência do nosso país e da importância de internacionalização”.
“Cada vez mais precisamos de produtos que correspondam às exigências do nosso consumidor, que hoje quer consumir produtos que respeitem o ambiente e o solo e que não desperdicem os nossos recursos, nomeadamente a água. Cada vez mais os nossos consumidores estão disponíveis a pagar por produtos que cumprem estas exigências e, portanto, os nossos apoios serão no sentido destas tendências”.
Ana Abrunhosa concluiu que “é preciso que os produtores tenham a perceção de que a certificação traz um valor acrescentado ao seu produto e, trabalhando com a academia e com centros e conhecimento, é possível ajudar a consolidar esta ideia”.
O CULTIVAR é um projeto que pretende responder aos desafios que as fileiras do setor Agroalimentar da Região Centro enfrentam, nomeadamente caracterizar, conservar e valorizar os recursos genéticos endógenos regionais em zonas de baixa densidade, através de uma estratégia de desenvolvimento territorial, promovendo e consolidando a colaboração entre instituições de ciência, tecnologia e ensino superior e o cluster Agroalimentar. É cofinanciado pelo Centro 2020, Portugal 2020 e União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
O ciclo de webinars temáticos “Cultivar Diálogos, Construir Caminhos” conta com o apoio do Centre for Functional Ecology – Science for People & the Planet da Universidade de Coimbra.
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