A espécie Asphodelus bento-rainhae P. Silva conhecida, vulgarmente por abrótea, abrótega, gamão ou bengala-de-são-josé, possui duas subespécies sendo a portuguesa, mais circunscrita e endémica do Centro Oeste da Península Ibérica e designada por A. bento-rainhae P. Silva subsp. bento-rainhae e a espanhola endémica das províncias de Ávila, Salamanca e Cáceres designada por A. bento-rainhae P. Silva subsp. salmanticus Z. Díaz & Valdés (DÍAZ LIFANTE & Valdés, 1996).
A variação da abundância da espécie na serra da Gardunha, verifica-se, de este para oeste e de altitudes mais elevadas para as mais baixas. Estima-se que a cada ano a área de distribuição de A. bento-rainhae seja reduzida em 5% (DELGADO,2010).
Neste sentido, no âmbito do Programa Integrado em IC&DT CULTIVAR pretende-se recolher informação sobre o estado de conservação das comunidades de ocorrência de Asphodelus bento-rainhae subsp. bento-rainhae, uma vez que se trata de uma espécie endémica de Portugal continental, com uma área de distribuição reduzida (aproximadamente 7 Km2), estrutura populacional fragmentada e baixo número de indivíduos, ocorrendo apenas na vertente Norte da serra da Gardunha (trata-se, assim, de um endemismo lusitânico exclusivo do sistema montanhoso central ibérico), entre os 490 e 850 m de altitude (DELGADO, 2010).
Pretende-se, também, perceber o nível de abundância da espécie após as alterações climáticas e os incêndios que têm fustigado a Serra da Gardunha e contribuir para o estudos da sua conservação e da sua importância para as comunidades em que se encontra integrado, tendo como locais de ocorrência preferencial habitats que se encontram protegidas a nível comunitário e, estão incluídos na lista de habitats naturais e seminaturais, constantes no anexo B-I do Dec. Lei n.º 49/2005, no âmbito da lista de Sítios de Interesse Comunitário (ICN, 2006) e primárias de carvalhais galaico-portugueses, de carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.) e carvalho-roble ou alvarinho (Quercus robur L.) (9230), castinçais bem conservados de Castanea sativa Mill.(9260), explorados em regime de talhadia, embora se verifique também a sua existência em áreas de cerejal de Prunus avium L. com e sem intervenção, principalmente, em taludes e orlas de caminhos onde não existe aplicação de herbicidas e mobilização frequente do solo. Houve, também, adaptação da espécie às áreas de pinhal e às zonas de cerejal quando menos expostos à ação humana.
Os principais objetivos do projeto são os seguintes:
Bibliografia:
DELGADO, F. 2010. Conservação e valorização de Asphodelus bento-rainhae P. Silva e Lavandula luisieri (Rozeira) Rivas-Martínez da Beira Interior. Lisboa: Universidade Técnica. Instituto Superior de Agronomia. 132 p., 9 f. Tese de Doutoramento. http://hdl.handle.net/10400.11/544
DÍAZ LIFANTE & Valdés, B. 1996. Revision del Género Asphodelus L. Boissiera. 52:1-131. Ville de Genève.
RIBEIRO, S; DELGADO, F e ESPIRITO-SANTO, M D. Comunidades de Asphodelus bento-rainhae P. Silva: diversidade, ecologia e dinâmica serial. Silva Lus. [online]. 2012, vol.20, n.1-2 [citado 2020-07-07], pp.138-143. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-63522012000100011&lng=pt&nrm=iso
Membros da equipa: Fernanda Delgado (IPCB); Paulo Fernandez (IPCB); Maria Margarida Ribeiro (IPCB); Natália Roque (IPCB); Miguel Ferreira (IPCB); Tatiana Diamantino (IPCB); Teresa Coelho (IPCB); Celina Barroca (IPCB).
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